A epilepsia, caracterizada pela predisposição a convulsões epilépticas, é o distúrbio neurológico crônico mais comum em cães. A forma idiopática, definida como aquela sem causa identificável, representa um diagnóstico de exclusão, demandando exames frequentes e monitoramento rigoroso.
O manejo da epilepsia baseia-se na administração de anticonvulsivantes a longo prazo, buscando prolongar o intervalo entre crises (período interictal) e reduzir a gravidade das convulsões. No entanto, o sucesso do tratamento depende não apenas da competência técnica, mas também de uma comunicação eficaz entre o veterinário e o tutor.
A Perspectiva dos Tutores
Estudos mostram que tutores de cães com epilepsia enfrentam emoções intensas, como medo e angústia, especialmente após o primeiro episódio convulsivo. Nesses momentos, a orientação clara e objetiva do veterinário é essencial para aliviar a ansiedade e alinhar expectativas.
Um levantamento com tutores revelou que:
Explicações claras sobre a condição e o tratamento foram altamente valorizadas.
Expectativas não realistas frequentemente surgem quando o tutor presume que as crises cessarão completamente após o início da medicação.
A maioria dos tutores prioriza informações sobre frequência esperada de crises, metas realistas para o tratamento e orientações para emergências fora do horário comercial.
Comunicação como Pilar da Confiança
Tutores tendem a confiar mais em veterinários que demonstram:
Competência clínica sólida e experiência em casos de epilepsia.
Abertura para diálogo bidirecional, onde dúvidas e preocupações são respeitadas.
Quando essas qualidades não são percebidas, muitos tutores recorrem à internet ou a consultas com outros profissionais. Mais da metade dos entrevistados em um estudo específico foi encaminhada para especialistas em neurologia, destacando a importância de uma abordagem colaborativa entre clínicos gerais e especialistas.
Estratégias para o Sucesso no Manejo
Capacitação em Comunicação: Treinamento em comunicação durante a formação veterinária pode ajudar a abordar melhor situações desafiadoras e emocionais.
Educação dos Tutores: Fornecer folhetos informativos e indicar fontes confiáveis de informações on-line pode reduzir a dependência de recursos não verificáveis.
Estabelecimento de Expectativas Realistas: Discutir de forma honesta os objetivos do tratamento, enfatizando que o controle completo das convulsões nem sempre é possível.
Apoio Contínuo: Estar disponível para ajustes terapêuticos e oferecer opções de suporte de emergência reforça o vínculo entre tutor e veterinário.
Fortalecendo Laços para Melhor Manejo
A gestão de cães com epilepsia vai além do controle clínico, exigindo um equilíbrio entre expertise médica e empatia. Cultivar confiança e fornecer informações acessíveis são passos fundamentais para que os tutores se sintam apoiados e preparados para lidar com os desafios do tratamento.Aqui estão as principais dicas dessas entrevistas sobre como construir relacionamentos fortes e bem-sucedidos com donos de cães com epilepsia, para beneficiar os cães afetados, os donos e você, o veterinário deles...
Ter um pet epiléptico é frustrante e nosos apoio, acolhimento é extremamente importante! Outros artigos comentam sobre os sentimentos que estes tutores sentem, pra entender melhor como auxiliar as familias, e fortalecer o tratamento a longo prazo.
Quer ler o artigo que foi substrato para esse: Pergande AE, Belshaw Z, Volk HA, Packer RMA. Owner perspectives on the impact of veterinary surgeons upon their decision making in the management of dogs with idiopathic epilepsy. Vet Rec. 2022;e2482. https://doi.org/10.1002/vetr.2482
Artigo sobre como os tutores se sentem - e as principais preocupações: Pergande, A.E., Belshaw, Z., Volk, H.A. et al. “We have a ticking time bomb”: a qualitative exploration of the impact of canine epilepsy on dog owners living in England. BMC Vet Res 16, 443 (2020). https://doi.org/10.1186/s12917-020-02669-w
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